A Crise Americana e o Prof. Luiz Carlos Bresser Pereira

Stephen Kanitz

A crise do limite da dívida americana não deveria ter acontecido, não em cima de outra crise ainda não resolvida, a do sub prime.
A crise tem muitos culpados, mas uma é imperdoável.
Nos Estados Unidos é o Congresso que determina quanto o Ministro da Economia pode emitir de dívida.
Isto porque numa Democracia, a rigor, um governo não pode endividar um próximo governo, muito menos os próximos 5, quando as dívidas são de 30 anos.
Por isto estabelecem LIMITES.
Ocorre é que os limites foram determinados em termos NOMINAIS, sem correção monetária, e todo ano estes limites ficavam menores, corroídos que são pela inflação. Um erro monumental. 
Por isto o Ministro da Fazenda dos Estadis unidos corre para se endividar até o limite máximo, o mais rápido possível, para não sofrer a erosão da inflação. E aí numa crise precisa mais e não tem.
No Brasil, também temos Limites, para os Estados, de 2 x das Receitas de Impostos.
Regra muito mais inteligente poque o Limte aumentam com a inflação, e também com o crescimento do PIB, outra inovação que os americanos nunca introduziram.
Por isto o Congresso americano precisa aumentar o "Limite" todo ano, o que foi feito 70 vezes em 40 anos.
Os Republicanos acham que estes aumentos são  uma farsa, Limite é Limite, mesmo que eles muitas vezes a desrespeitaram.
Só que não sabem que estes aumentos são necessários porque eles não são corrigidos ou indexados, e a inflação vai corroendo o valor contábil todo ano.
Minha crítica aos economistas tem sido muitas vezes injusta, porque no fundo não são eles que são burros e umas toupeiras, é a própria ciência econômica que é a culpada por ter parada no tempo, e não entende que não se combate inflação achando que ela não existe.
A ciência da administração, felizmente não parou no tempo, e nós teríamos feito uma lei com o Benchmark correto, corrigindo-o pelo menos pela inflação do período, ou estabelecendo a regra tipo 2 x as receitas de impostos, que fizemos, ou 50% do Patrimônio Líquido Nacional.
E o que o Prof. Luiz Carlos Bresser Pereira tem haver com tudo isto ?
No meio desta crise americana, ele escreve um artigo  no seu Blog (Alexa Traffic Rank Global 1,818,481 )
, repercutido por jornais da grande imprensa.
Prof.  Bresser sugere que o Estado proíba cláusulas de indexação. Justamente o erro que os americanos fizeram. 
    "Ideal é um projeto de lei proibindo que o Estado brasileiro assine ou renove contratos com cláusula de indexação"
Isto vindo que um Ex-Ministro da Fazenda.
Bresser não percebeu ainda, como muitos, que o fim da indexação determinada pelo Plano Real, foi uma das causas do aumento dos juros. 
Antes do Real, a caderneta de poupança rendia 6% de juros, mais indexação.
Eram contratos financeiros que possuíam cláusulas de indexação.
Você sabia qual era o juro real que você receberia, e não entendo porque este título tão seguro, que não pagavam IR, precisava de um juro real tão elevado.
Bresser pagou estes juros de 6% quando Ministro, uma enormidade.
Ao eliminar as cláusulas de indexação, seguindo os conselhos de Bresser, o "juro" aumentou para 12,5%.
Porque esta mudança de 100% súbita e até inflacionária ?
Porque agora os investidores precisam "estimar agora a inflação futura" e portanto passaram a indexar os juros que se paga mensalmente, em vez de incluira a inflação no principal que se pagará somente daqui 2 a 5 anos.
Não se tira a indexação dos contratos, ninguém quer perder dinheiro devido a inflação,  e quando se proíbe, como quer Bresser, a indexação entra imediatamente nos juros, que sobem 100% como vimos.
Pior, a incerteza quanto a inflação futura, aumenta os juros ainda mais, e cobrar imposto de renda agora sobre 12%, e não 6%, aumenta os juros mais ainda.
Economistas, por acaso estou escrevendo javanês ?
Porque vocês vivem xingando muitas vezes a minha mãe, em vez de me ajudar a reduzir os juros de forma inteligente, e brasileira, em vez apoiar "inflation targeting" que o Banco Central usa ?
Jornalistas e leitores, estão mais do que contaminados com a idéia ou meme que "indexação gera inflação", mesmo depois de eu ter provado aqui com um exemplo onde ocorre justamente o contrário.
A não indexação dos contratos financeiros aumenta os custos e portanto a inflação devido ao IR e incerteza.
Os contratos financeiros americanos também não são indexados.
Só para argumentar o meu caso, imaginem uma inflação americana de 30% e os "juros" de 33%, os 3% sendo o juro real.
O governo americano faria o que nós sempre fizemos, pagariam os 33% ( que não tem) com o aumento da dívida em 30%, e tudo voltaria ao normal.
Contanto que não existisse um limite da dívida sem correção monetária. Aí nada feito, você teria que negociar com o Congresso Americano.
O próprio governo americano disse que se não aumentassem o Limite, não poderiam pagar os juros. 
Se a dívida e o limite fossem indexados, contra a lei que Bresser quer criar, o Governo pagaria os 3% de juro real, aumentaria a divida em 30% automaticamente sem precisar aumentar os juros para captar mais, e poderia pagar até um pouco do Principal.
Nada de leilões adicionais e fees para banqueiros, nada de negociações com o Congresso, seria uma economia baseada em coordenadas reais, e não um mundo ainda baseado em coordenadas nominais, que eu vivo apontando como um enorme atraso.

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